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Mão de obra: nossa maior fraqueza

Trinta e tantos anos atrás, quando eu conclui meu primeiro mestrado e comecei a trabalhar, o país enfrentava a mega-crise da dívida que transformou os anos 80 na famosa década perdida. O desemprego era maciço em todos os níveis. As empresas podiam garimpar talentos a seu bel prazer, pagando salários baixos que eram imediatamente corroídos pela alta inflação. Os dois grandes problemas de qualquer empresa, na época, eram arrumar clientes e administrar o custo inflacionário. Qualificar mão de obra era um problema secundário e só a indústria dava alguma atenção ao tema.

CaixaNos últimos anos, com a economia em pleno emprego, salários em alta e falta de bons profissionais, voltou-se a falar muito em educação e qualidade de mão de obra, quase sempre como uma responsabilidade do governo.

Não há dúvida que compete ao governo prover ensino básico de bom nivel, coisa que não temos e que compromete a formação profissional, que se estrutura sobre o aprendizado elementar. Mas há um outro lado da questão. O varejo não é valorizado na sociedade brasileira como deveria ser. O empresário varejista ainda é visto como o mercador, o sujeito de baixo nível de escolaridade cuja maior virtude é o convencimento, a capacidade de negociação. Essa visão permeia todo o negócio varejista. A posição de vendedor (ou caixa, ou atendente) é a opção profissional de quem não tem opção. O sujeito pouco letrado, que deixou a escola elementar, que não tem condições de frequentar um curso técnico, vai ser vendedor.

mal atendidoAqui reside um problema extremamente sério: é justamente essa pessoa, que não tem boa formação, que deixa o emprego por qualquer oferta minimamente melhor, que tem baixa capacidade de absorção de informação e conhecimento, com pouca instrução formal, que lida diretamente com o seu cliente. É nesta pessoa que o empresário procura incutir responsabilidade, postura, percepção e capacidade de entendimento do comportamento do consumidor. E essa pessoa que recebe salário de menos de R$ 1.000 (de acordo com os acordos sindicais vigentes em São Paulo) e uma comissão que, supostamente, lhe traz todas as virtudes necessárias para cumprir metas de vendas. É esta pessoa que não tem perspectiva de carreira dentro do varejo e que sonha em “sair de vendas para fazer alguma coisa melhor”

O varejo é tão importante para uma sociedade moderna quanto qualquer outra atividade. Não faz sentido o empresário industrial ser chamado de capitão da indústria, ou simplesmente Industrial, e o empresário varejista ser chamado de comerciante. Não faz sentido empregar mão de obra barata, de alta rotatividade, formação educacional pobre, com treinamento instrumental elementar e imaginar que seu cliente será bem atendido. Não é a toa que os varejistas vivem às turras com a recorrente incapacidade de se criar a famosa “inteligência sobre o cliente”, achando que um bom CRM vai lhe dar todas as informações necessárias ou contratando caríssimas pesquisas de comportamento e tendências.

franquia 6É hora do varejo entender que ele é importante e tem status. É tempo das pessoas entenderem que varejo é carreira e não uma função temporária para ir pagando as contas antes que algo melhor apareça. É hora de se pensar em empregar pessoas de melhor nível educacional para lidar com seu ativo mais importante – o cliente. É hora do governo entender que dar uma escola melhor é mais do que só ensinar português e matemática. É criar condições para que todo o mercado de trabalho se aperfeiçoe, gerando cidadãos, funcionários e consumidores que se vejam, sejam e se tratem como iguais.

A D.D Consultoria de Negócios é uma butique de consultoria voltada para assuntos gerenciais e estratégicos com 18 anos de experiência no mercado brasileiro. Nossa carteira de clientes inclui empresas de grande e médio portes, em todo o país. Estamos localizados em São Paulo e temos escritórios parceiros em Recife, Salvador e Porto Alegre.

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2 comentários em “Mão de obra: nossa maior fraqueza

  1. Giovana
    29/09/2013

    Olá Fabio, tenho uma duvida, estou pensando um abrir uma loja com um produto especifico apenas. Gostaria de saber se preciso de autorização para o dono do produto/fabricante para que eu possa vender ?
    E sabe um site que eu posso tirar mais informações de como começo meu negocio ?
    Muito Obrigada!

    • Fabio Nogueira
      29/09/2013

      Giovana, nada impede que sua loja venda produtos de um único fornecedor. O que você não pode é usar a marca do fornecedor sem a autorização dele. Se sua loja tiver um nome original e simplesmente se dedicar a vender o produto de um único fornecedor (ou um único tipo de produto) não haverá problemas. Quanto a um site onde você possa se orientar, nossa sugestão é o Sebrae (www.sebrae.com.br). Boa Sorte

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Publicado em 25/09/2013 por em Estratégia, Sustentabildiade.
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